quarta-feira, 11 de agosto de 2010

ESPÍRITO DA ALMA - IMAGEM ESSENCIAL!

“Wilhelm, que seria do nosso coração em um mundo inteiro sem amor? O mesmo que uma lanterna mágica apagada!” (Goethe – 1774 – fragmento de “Os Sofrimentos do Jovem Werther”).

A mente humana não se ambienta apenas no local onde o corpo está. Ela viaja – e viajar neste sentido pode ser tido em dois sentidos: o figurado e o literal – para todos os lugares (im) possíveis. Idealiza e revisita lugares nunca antes vistos. Tudo para fugir da realidade, por vezes monótona, por vezes desinteressante e por vezes muito dura. Mas a mente não foge, ela apenas coloca na realidade um disfarce, uma nova visão de mundo. Ela recria ambientes, adaptando-os assim a seu estereotipo de idealidade. As imagens criadas correspondem ao que a mente acredita ser uma boa verdade para se acreditar, seja por alguns instantes, seja por uma vida toda.
A todo o momento tentamos uma fuga (rápida que seja) da realidade. É impossível se privar de alguns momentos de prazer ao se imaginar fora de um determinado local ou então imaginar uma ação realizada com a maestria que, de fato, nunca existiu. A imagem, no entanto, não é uma enganação. A menos que se permita acreditar única e exclusivamente naquilo que é imaginado, a imagem serve apenas para dar-nos momentos – poucos momentos – de prazer e de esperança. Se os telejornais mostram um planeta em lenta extinção é impossível deixar de imaginar – portanto, como diz a palavra: imaginar, de imagem – uma solução rápida, fácil e indolor. Há, lógico, casos de uma imagem que dura uma vida inteira. Podem-se dar vários nomes, dentre eles sonho, fantasia e, até mesmo, loucura. Há quem acredite tanto na imagem que cria que acaba por ficar louco, mas vale lembrar que a loucura nada mais é que a expressão externa das mazelas, dos medos, das raivas e dos problemas do ser humano. Todos têm a loucura dentro de nós representada de alguma forma, a diferença é que alguns sucumbem e outros não, assim dizia Freud. Portanto a imagem que nós criamos dentro de nós continua guardada em nosso subconsciente, a diferença é que alguns de nós podemos a qualquer momento sucumbir a elas, substituindo a realidade pela nossa idealização dela. E há casos que podem acontecer justamente ao contrário. Se suprimirmos, se escondermos essa imagem em nosso consciente sem jamais transpô-la podemos acarretar numa infelicidade por nossa autocensura, o que pode vir a culminar numa depressão, afinal, usando um exemplo presente na vida de qualquer ser humano, se idealizamos um amor, uma paixão apenas para nós mesmos e vivemos com aquela imagem da pessoa desejada e do relacionamento desejado apenas conosco, sem jamais conseguir colocá-la em prática, isso pode nos levar a uma frustração, o que acarreta num auto-exílio do mundo, que pode nos levar a uma depressão. Portanto a imagem que criamos em nossa mente é extremamente importante, mas não se pode deixar que ela tome conta da nossa própria realidade, nem que ela simplesmente desapareça e seja relembrada apenas como uma lembrança de um dito “talvez”.
“Você vê apenas com o coração, o essencial é invisível para os olhos” (Antonie de Saint-Exupéry, 1938. – ilustrador e escritor francês). Talvez Saint-Exupéry tenha razão em um aspecto: o essencial é invisível para os olhos. A verdade nem sempre é aquela que vemos, mas aquela que desejamos ver, portanto a criamos em forma de imagem, que seja adequada aos nossos padrões de humanidade que, por sua vez, tem traços de uma sociedade, por vezes conservadora demais. (Texto enviado por Bruno Cavalcanti)

Álbum Alma Espírito!!!


Concentração, sentimentos, drama, em cena Vó Ceci (Maria Creuza) e Karin (Patrícia) em "As Notas" nesta quinta às 20:30 mais uma apresentação desta produção da Cia. de Artes Alma Espírito!


Fabiana e Alexandre no ensaio de "As Notas" descontração em meio ao drama!!! "As Notas" apresentação amanhã às 20:30 no Lar do Amor Cristão no Sacomã!




"Vídeo Arte" - Adriana Calcanhotto - " Seu Pensamento" - Nosso pensamento é só nosso??? Quem compartilha de nosso pensar? Por onde anda nosso pensamento?

8 comentários:

Marlene disse...

Muito bacana seu texto Bruno, estava inspirado.

Fiquei atenta sobre como você solicita o cuidado das pessoas e, talvez, até para você mesmo, com relação à depressão. Importantíssimo seu alerta, mas veja bem, fora os casos extremados que devem ser cuidados com rigor, àqueles que resultam em suicídio ou idéias de suicídio, e desses, devemos ficar atentos, mesmo porque quando se perde o sentido da própria existência precisa, com rapidez, procurar ajuda mais específica. Penso que a depressão não é de toda vilã na medida em que nos movimenta (vivemos em busca do prazer e, definitivamente, a depressão não ocasiona isso), leva a uma ação, a uma reflexão acerca da vida, de seus meandros e em como a não adequação a este viver se torna um problema para nós. Às vezes andamos meio cegos por aí, nos automatizamos e deixamos a vida nos levar, como já dizia Zeca, só que a vida não foi feito para viver assim sem sentido e ela sempre nos cobrará alegria, contentamento, prazer, ânimo e entusiasmo e se não nos sentimos assim, primeiro vem a crise (depressão, melancolia, tristeza, amargura e por aí vai) e depois a mudança de pensamento,claro, se estivermos dispostos, acredito eu. Acho que a depressão tem um papel fundamental, nos instiga a procurar o melhor. Reconheço que temos coisas sinistras em nossas vidas, transformá-las, ressignificá-las é que são elas.

É tentador viver de nossa imagem mental, mas penso que a realidade seja o melhor, enquanto, desafio.

Bjs

Bruno Cavalcanti disse...

Marlene minha querida, sempre certeira e corretíssima! hehe.

A depressão a qual me refiro não é aquela a qual nós nos permitimos entrar num momento ou no outro (e nela agrega a tristeza, questionamentos, falta de vontade), mas sim a depressão doença, aquela que nos impossibilita de uma vivência (uma existência) mais amena. A depressão que leva ao suicídio ou à loucura (a qual eu também pincelei neste texto) é o verdadeiro carma e talvez um dos grandes problemas do ser humano tratado com pouca ênfase desde que o mundo é mundo. Mas a depressão hoje em dia é algo completamente equivocado. Pessoas tristes, que acham que a vida é uma porcaria não são depressivas, são infelizes com sua realidade, daí entra a minha peripécia da imagem. Há quem acredite que a imagem é sua vida por too o tempo (daí entra Freud), portanto o que falta é um balanceamento.
A depressão é um assunto que dá um bom pano pra manga, taí, nossa próxima conversa será sobre depressão, fechado? hehe.

E sobre o vídeo: "Há uma hora dessas por onde vagará seu pensamento?" é o que Adriana diz. E aí, por onde vaga o pensamento de vocês numa hora dessas?


* Esse tema na verdade foi retirado da proposta da FUVEST do ano passado. Achei tão interessante que decidi falar sobre.

Baccio.

Marlene disse...

B(r)unito, lindo meu, adoro você.

Um dos males da humanidade,é a banalidade com que tratamos certos temas, não digo que é o que vc está fazendo, não me entenda mal. A depressão, por exemplo, é algo que nos deixa prostrados, aquele estado em que não temos vontade nem de escovar os dentes, por exemplo. A medicação neste caso é necessária, juntamente com a psicoterapia. O problema é que com a medicação nos sentimos melhor, com mais ânimo, legal né? Em partes, porque dependendo do grau dela, até e depressão tem fases, podemos chegar a ficarmos (muito) animados, ficaremos com força até para cometer suicídio, por isso a terapia é importante. Quando uma pessoa é internada porque tentou o suicídio, e entra-se com a medicação, é onde os médicos e enfermeiros ficam mais atentos, e em seu quarto não deve haver nenhum objeto que o faça tentar novamente, pois que ele ficou mais "animado".
Falo da banalidade, porque, às vezes, é somente uma tristeza acerca das dificuldades da vida, é essa é mais fácil lidar e reverter. E acho que é essa a que vc se refere.

É verdade, a depressão é um assunto que dá pano pra manga...

Bruno Cavalcanti disse...

Huuum entendi o seu ponto de vista. A depressão a qual me refiro não é a da banalidade. Quando uma imagem (no caso o tema tratado) é suprimida nós usamos aí da análise da repressão, germinada pelo Schoppenhauer e explicada por Freud. A análise da repressão faz com que escondamos coisas que não se adequem à sociedade e ao nosso modo social de pensar, de ver a vida, etc e tal. No entanto a força da mente não tem fronteiras. A depressão é uma coisa, a tristeza é apenas um dos pilares dela. Exatamente daí que vem a importância da terapia, da análise. Quando você se priva de se mostrar ao mundo através das imagens isso pode te levar a uma frustração que pode (e somente pode) te levar a um processo de depressão porque você não está em contato direto com você mesmo. Ou até mesmo com a realidade. Tenho uma amiga que ao se desligar da realidade acabou por entrar numa depressão forte que durou 6 anos, tudo causado pela morte do pai e pelo divórcio, tudo ao mesmo tempo. Ela não teve base psicológica para aturar tudo isso.
É exatamente dessa depressão: a depressão do ser íntimo, a depressão freudiana a qual me refiro (ou ao menos tento) neste texto. A falta de balanceamento, o excesso da falta (e aqui abro espaço literário) de controle. Todos estamos, de acordo com Freud e Joung, à beira de um colapso, mas há aqueles que se deixam cair e há os que não se deixam.

Acho que aí entraríamos numa outra questão: o que leva uma pessoa a deixar de ter este controle e porque outra pessoa o tem?

bjuuuuuuuu. rs

Bruno Cavalcanti disse...

PS: Diretor, quando for postar a biografia, por favor posta a da Arlete Salles. Ela vai participar de um episódio da série "A Vida Alheia" amanhã (quinta - 12). Valeu.

BC.

Jeferson disse...

Amanhã nossos pensamentos estarão voltados para As Notas.

Jeferson disse...

Coloca esse video

Miranda ft. Drake - Leave It All To Me

Jeferson disse...

Outro video legal tb é da Vange Leonel- Esse Mundo e tb Noite Preta da novela Vamp, é super legal.