quinta-feira, 15 de abril de 2010

ALMA CULTURA - UMA NOITE COM NOSSAS LOUCURAS!

No último domingo fui assistir a peça “A Noite Dos Animais” que engloba dois monólogos “Louco De Pedra” protagonizado por Dill Magno e “Gorillas” protagonizado por Marcos Suchara.
São duas histórias que tocam a plateia, impossível ficar imóvel ou mesmo alienado com que os atores fazem em cena. Primeiro porque são situações que pode acontecer ou aconteceu com alguém que mudam a vida completamente.

Em “Louco De Pedra” Dill Magno representa várias personagens, mas há uma principal, Chico um moço comum que luta para ter sucesso assim como qualquer um de nós. Conhece uma moça, Clara quando é peão de rodeio, no meio de sua história o casal sofre um assalto e Clara morre. Então começa a degeneração de Chico como ser humano, perde a razão, começa a falar sozinho, a procurar por Clara, é internado, sofre... Bem não vou contar a história, precisam ir ver para sentir. O que conta nesse processo todo é a interpretação do ator Dill Magno, perfeita, a começar pela sua expressão corporal, facial, Chico cresce nessa dimensão corpo ator nos ligando ao seu drama, representando o padre, e outras personagens, as mãos, a voz ganham significados importantes para que o público perceba a mudança. O trabalho de voz é excelente, entonações, ritmos, e ao final a voz ganha contornos que nos faz pensar que houve ali uma alteração não só de personagem, mas de ator de tão perfeita. Dill Magno está à vontade no palco, toma conta do espaço sem medo, sem insegurança e encanta a todos com o drama e ao mesmo tempo a encantadora história de Clara e Chico que emociona e toca o coração. E o mais importante é que todos nós enxergamos Chico em seu corpo!

Em “Gorillas” Marcos Suchara nos remete ao passado especificamente em 14 de Dezembro de 1968 quando o Ato Institucional número 05 foi declarado para prender comunistas e terroristas no regime militar. Marcos começa sua interpretação calma, no primeiro momento parece que o monólogo correria assim em calmaria, mas para surpresa de todos o torturador vai ganhando campo no espaço cênico ao dialogar com sua vítima, uma mulher que ele chama o tempo inteiro de “senhora”, personagem que é somente mencionada, não há atriz em cena, contudo Marcos consegue fazer com que enxerguemos a personagem em carne e osso e visualizemos seu sofrimento às palavras cheias de sentidos dúbios que ele vai jogando por cima dela. O torturador toma conta literalmente do palco, a tortura inicial é verbal, um jogo de sentenças que deixaria qualquer um em condições de quase loucura, afinal como torturador ele é a loucura humana sem limites, e como não deixaria de ser chega à tortura física. Marcos Suchara faz uma personagem comedida na sua loucura porque ela acredita no que faz para ela é o certo, é o correto, só cumpre ordens das quais ela tem fé e não questiona, a loucura dela não é externa, ninguém sabe que ela é louca, por ela ser interna totalmente camuflada assim consegue o que quer e faz seus atos como se fossem normais e não pode ser repreendido. Interpretação perfeita, de tirar o fôlego do público. Percebe-se a inquietação nas cadeiras e risos nervosos, um monólogo que é um soco no estômago.

Marcos Suchara e Dill Magno elenco de "A Noite dos Animais"

O texto de ambos os monólogos é de Celso Cruz assim como a direção. Dramaturgia enxuta, precisa, clara. Celso conseguiu colocar tudo o que o público precisava ouvir no contexto dos monólogos, nem mais, nem menos. Um texto limpo que chega onde pretende, incomodar e fazer refletir sobre nossas loucuras de cada dia, e o melhor atual, contemporâneo. Texto e atores se casam muito bem. A direção é cuidadosa, percebe-se que cada detalhe foi pensado e ao mesmo tempo deu liberdade para os atores criarem e fluírem com suas personagens. Uso do espaço bem idealizado, a interação com o público é bem colocada e em momentos chaves das personagens e não somente para mexer com a plateia. Um trabalho de equipe, percebe-se esse entrosamento entre atores e direção, perfeito, e quem agradece é o público que sai satisfeito de ter visto um ótimo espetáculo e com muitas coisas para refletir que ficam circulando no interior de nossas almas.
“A Noite Dos Animais” todo domingo às 18:30 no Espaço Satyros 1, temporada até dia 27 de junho. Ingresso R$ 30,00 (meia R$15,00) Praça Roosevelt, 214 Centro – (011) 32586345


Dill Magno no monólogo "Louco de Pedra" foto fonte: blog Cacilda da Folha!


A loucura é um estágio que nós todos podemos percorrer um dia ainda se não tomarmos cuidado com nossos pensamentos, com as atitudes e com as situações que a vida nos apresenta. De uma hora para outra podemos pirar, ou ainda fazer o outro pirar com nossas torturas pessoais, nossas manias, nossos mandos e desmandos. E se a vida aprontar conosco saber entender, saber levar e não nos sentirmos culpados em alto grau e nem ficarmos pensando no que houve, que estamos abandonados, que nada mais vale a pena, é assim que nossa mente começa a perder a razão e consequentemente fugimos da vida pela loucura, mas seremos responsáveis por isso. Sempre lembrar que nada acontece sem que estejamos preparados mesmos as surpresas da vida a que estamos sujeitos nós temos força para essas lutas.
A peça representa bem essas nossas loucuras, sim somos loucos ainda não perdemos a razão, mas se analisarmos a nós mesmos podemos por qualquer coisa acabar como Chico ou então descobrir em nós o grande torturador que somos com relação aos outros. Fiquemos de olho em nossas loucuras!!!






"Vídeo Arte" - Dança "Elas Por Elas" - Isso é um ensaio, imaginem na hora!!!!




"Vídeo Arte" - Loreena Mckennit - "Dante´s Prayer" - Orador de Dante - Orar faz bem em quaquer momento, devemos orar sempre para nossa alma estar em paz!

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