Cena 01 – O Chefe – (Mesa de escritório no meio do palco com pilhas de papéis, computador e outras coisas. Atrás do computador está alguém, o chefe, Castilho, o público vê pouco dele, pois se esconde nas montanhas de papéis e fica na frente do monitor. Luz sobre a mesa. Ele observa a tela, de repente dá um sobressalto na cadeira e grita chamando sua secretária.)
Castilho – Kátia, dona Kátia. (Ela entra pela direita com pastas e papéis voando apressada e dirige-se até a mesa.)
Kátia (Um pouco nervosa) – Desculpe seu Castilho...
Castilho – Doutor Castilho...
Kátia – Sim claro, aconteceu alguma coisa?? (Castilho levanta da cadeira e olha bem para ela.)
Castilho – Aconteceu, aconteceu que aqueles relatórios que deveriam ir para a central não foram, e por que não foram dona Kátia???
Kátia (Confusa.) – Não foram?? Mas deveriam ter ido, eu mesmo despachei tudo direito...
Castilho (Nervoso.) – Deve ter despachado sua mãe, seu namorado, seu marido, seu amante, menos os relatórios porque eles não chegaram...
Kátia (Sem jeito.) – Pode deixar seu Castilho... Quero dizer Doutor Castilho vou averiguar o que houve.
Castilho – Então veja o que aconteceu e me reporte imediatamente caso contrário eu vou despachar a senhora para a rua...
Kátia – Pode deixar vou resolver tudo. (Ele senta e fica atrás do monitor. Ela sai para a direita reclamando sem que ele a ouça.) – Um dia... Um dia... Não vou fazer nada preciso desse emprego, maldição... (Foco de luz apaga no centro e acende à direita na boca de cena, Paula, outra secretária lá está, Kátia vai até ela.)
Cena 02 – Fofocas – (Luz sobre elas. Paula nem deixa Kátia falar está excitadíssima para contar algo.)
Paula (Puxa Kátia pelo braço.) – Sabe da grande fofoca???
Kátia (Nega com o olhar.) – Mais fofoca?? Essa empresa é o reino do diz que me diz...
Paula – Tá todo mundo falando que o Doutor Castilho tem um caso...
Kátia – Caso? Que tipo de caso?
Paula – Ora de que tipo, do tipo escondido que ninguém pode saber, um caso pecaminoso, amoroso...
Kátia – E esse homem tem isso, quero dizer ele sabe o que fazer?? Tão grosso, sem educação, cafajeste...
Paula (Dá uma risadinha.) – Mas são desses que a mulherada gosta...
Kátia – As burras né, porque se forem um pouco inteligente passam longe de uma criatura dessas.
Paula – Mas só que ninguém sabe se é com um homem ou com uma mulher...
Kátia – Paula ele do jeito que é deve ter um caso com um boi, ou algum tipo de animal, gente não é, tenho certeza.
Paula – Nossa! Será Kátia? Puxa mas que há algo há... (Ela fica pensando.) – Com animal é, deve ser diferente.
Kátia (Dá um tapa em Paula para ela acordar.) – Escuta os relatórios não chegaram na central e o homem está uma fera. Verifica para mim o que houve que eu volto depois...
Paula – Pode deixar... Ele tá uma fera... Nossa isso deve deixar ele bem aceso...
Kátia – Menina aquieta teu facho e vai fazer o que pedi. (Paula sai de cena toda rebolante. Foco de luz apaga.) (Kátia vai para o fundo do palco à direita fala para ela mesma.) – Essa aí deveria trabalhar em um cabaré. (Foco de luz acende. Gilmar o motoboy está em cena.)
Cena 03 – Motoboy locão – (Gilmar típico motoboy, usa roupa de motoqueiro, capacete no braço, mascando chiclete, usa óculos escuros, luvas e fone de ouvido. Quando Kátia se aproxima, ele está dançando, cantando, jogando os braços para o alto, para os lados, quase acerta a cara de Kátia e ele nem percebe.)
Kátia (Fica doida.) – Que é isso Gilmar quase me acerta. (Ele nem aí continua sua dança ginástica.) (Kátia fica irritada arranca o fone de ouvido dele e dá uma tapas em Gilmar. Ele se assusta.)
Gilmar – Que é isso mina? Ta doidona tá? Não se pode curtir um som maneiro na folga. Pensa o quê? Ficar sentado na motoca não é fácil não haja bunda...
Kátia – E eu quero saber da sua bunda, olha aqui esses documentos é para você entregar lá na Penha. (Ela joga as pastas em cima de Gilmar que as agarra e deixa cair tudo no chão ao mesmo tempo.) (Kátia fica furiosa.)
Kátia – Olha o que faz Gilmar, cata essa bagunça.
Gilmar – Calma Kationa, eu dou um jeito, tá na TPM hoje é... (Ele começa a apanhar as pastas no chão.)
Kátia – Que TPM o quê... Antes fosse, acho que minha TPM tem nome: Castilho...
Gilmar (Com as pastas nas mãos. Olha para ela sem entender.) – Ué eu não sabia que as minas dava nome para TPM, quer dizer que vocês chamam de Antônio, Carlos... Ah já sei deve se os nomes dos machos que vocês tem eles deixa vocês tudo doidona aí a TPM ganha nome, mas o seu nome é meio véio, Castilho, que nome para TPM...
Kátia (Totalmente nervosa.) – Chega Gilmar, chega... Castilho é nosso chefe...
Gilmar – Ah tá... Vixi você tem um caso com o doutor Castilho... Nossa ele sabe que sua TPM tem o nome dele. Irado mina...
Kátia (Dá uns tapas em Gilmar.) – Para de falar tanta bobagem Gilmar. Vai levar isso até a Penha e depois volte não vai ficar enrolando como você faz sempre.
Gilmar – Eu não enrolo apenas dou minhas paradas pra vê como anda as minas da periferia, tem cada uma Kátia e depois vou sair daqui da Paulista para ir até a zona leste se chover tô feito, vou voltar nadando.
Kátia – Vai logo e vê se não se mata para não dar despesa para a empresa.
Gilmar (Estende a mão pedindo dinheiro.) – E cadê a grana?
Kátia – Que Grana?
Gilmar – Ué Kationa preciso de grana pra gasolina vou rodar como?
Kátia – Você bebe gasolina??
Gilmar (Tira do bolso uma garrafa com um líquido amarelo, abre e bebe.) – Como você sabe, gasosa dá um lance...
Kátia – Seu loco passa no caixa e pega o dinheiro...
Gilmar – Logo, logo, vou precisar de uma prótese de bunda... Porque a minha tá ficando grudada na moto... (Ele sai de cena. Foco de luz apaga. Kátia corta o palco ao fundo indo para a esquerda. Olha para trás para bunda de Gilmar que vai saindo e fala.) – Até que a bundinha dele não é de se jogar fora... Componha-se Kátia. ( Foco de luz acende. Em cena Casimiro.)
Cena 04 – O Bêbado – (Casimiro todo desarrumado, calça amarrotada, paletó em desalinho, camisa para fora da calça, descabelado, tombando de bêbado.)
Kátia – Olha seu estado Casimiro. De novo veio trabalhar bêbado...
Casimiro – E eu com isso?? Quero que se dane tudo aqui dentro... Tô de saco cheio de ser o capacho do Castilho, ele roubou meu cargo, era eu para ser seu chefe, não esse traidor...
Kátia – Eu sei disso. Aconteceu há 20 anos atrás, só que agora Casimiro não tem o que fazer, ele é o chefe e você o subordinado dele, precisa tomar jeito se não um dia ele te manda para rua...
Casimiro – Ele não tem coragem. Ele, esse vagabundo sabe que eu sei muitos podres dele, do que ele fez e faz aqui dentro, ele nunca vai me mandar embora, mas também não saio vou ficar até ver ele despencar no chão, nem que eu tenha que vir bêbado todos os dias.
Kátia – Podres que podres???
Casimiro – Seu chefe é o rei da sujeira. Aprontou muito e continua aprontar ele pensa que sou bobo, mas sou mais esperto que esse lobo velho, eu sei tudo (Dá uma risada de descaso.) –Ele tá nas minhas mãos...
Kátia (Não dando muito ouvido.) – Tá bom Casimiro. Vai se lavar e vem trabalhar, ou pelo menos fingir que trabalha.
Casimiro – E quem não finge que trabalha, hein?? Todo mundo finge que dá duro, na verdade somos todos chupins uns dos outros.
Kátia – Chega Casimiro. Vai pro banheiro e volta trabalhando...
Casimiro – Vou pro banheiro sim, mas vou encher mais minha cara. (Ele tira do bolso uma garrafa de pinga. Bebe um gole e sai cantando.) (Foco de luz apaga. Kátia vai até a boca de cena à esquerda. Ela pensa em voz alta.) – Esse será o bêbado eterno da empresa, fracassado porque quer... (Ela chega na boca de cena á esquerda. Em cena Vitor.)
Cena 05 – Ambição – (Vitor está bem vestido alinhado, sempre pronto e prestativo, tem jeito para tudo. Ele espera ansioso por Kátia.)
Vitor – Como você demorou... E então como andam as coisas???
Kátia (Olhando para os lados.) – Acho que tudo bem. Você tem certeza do que quer fazer?
Vitor – Claro Kátia. Eu vou ser o novo chefe dessa empresa, espere e verá não entrei aqui para ser um simples funcionário, quero mais, a ambição que move o homem, e eu sou ambicioso.
Kátia – Só não quero confusão para meu lado Vitor. Afinal tenho uma carreira sólida de secretária e não posso perder meu prestígio.
Vitor – Tudo bem Kátia. Relaxa! Está tudo no ponto. Você fez sua parte eu fiz a minha agora é só esperar. Castilho cometeu vários erros, só vou desmascarar os erros e daí as coisas correrão normalmente, sem que precisemos intervir...
Kátia – Espero que assim seja. Mesmo porque ninguém agüenta Doutor Castilho...
Vitor – Nova posição, salário alto, poder, desejos realizados. Quem não quer isso?? Todo mundo, é que a maioria se faz de certinho, coisa e tal, eu sou o que sou e sei o que quero, quem estiver comigo vai subir quem não vai descer. Essa é a lei da vida!!!
Kátia – Todos camuflam a verdade do que querem nessa empresa.
Vitor – Somos verdadeiras águias esperando para atacar, vence quem atacar primeiro. E eu vou atacar na frente de todos. Eu só espero alguns contatos e logo tudo começará a acontecer, vou puxar o tapete, o carpete, o chão do Doutor Castilho. E tudo será meu... Vai Kátia depois nos falamos.
Kátia – Nossa já parece meu chefe dando ordens. Eu vou e pode deixar que ninguém saberá da onde partiu tais informações. (Os dois se beijam e Vitor sai de cena. Foco de luz apaga. Luzes acendem na boca de cena. Kátia vai saindo pelo lado direito cortando toda boca de cena e com um sorriso cínico fala para a plateia.) - Esse pensa ser esperto, contudo ele esqueceu que eu sou mulher... (Ri com gosto e sai de cena. Blecaute. Acende foco no centro na mesa de Castilho.)
Cena 06 – Monólogo de um chefe – (Castilho se encontra sentado. Escondido entre o material que está sobre a mesa. De repente ele levanta-se e fica em frente de sua mesa olha para o público. Olha para si mesmo e começa a rir.)
Castilho – Sabem do que eu estou rindo??? Dessa minha vida. Desse meu cargo nessa droga de empresa. Eles pensam que eu não sei de nada. Só que eu sei tudo, afinal sou o chefe. Qual chefe é tão burro para que não observe, não ouça, não saiba o que ocorre em seu local de trabalho? Eu tenho uma secretária que se acha sabichona, uma outra que mais parece uma prostituta, um motoboy que não conhece as ruas da cidade, um amigo bêbado que tornou-se um incompetente, e um funcionário ambicioso que acha que vai tomar meu cargo. Como somos todos patetas, marionetes de nós mesmos.
Eu trabalho, faço o meu dever. Certo ou errado, faço. Vivo mais aqui do que com minha família. Mas para eles não falta nada. Tenho amantes afinal para que tanto dinheiro? (Neste momento entra Paula que fica na boca de cena à direita do palco.) Exploro meus funcionários mais humildes fazendo com que eles trabalhem mais do que devem. (Entra em cena Gilmar e fica ao fundo do lado direito.) Faço algumas falcatruas porque se eu não fizer sou cobrado e no mundo dos negócios quem é honesto quebra. (Entra em cena Casimiro e fica ao fundo à esquerda.) Conheço todos aqueles que são ambiciosos e querem tomar meu lugar e dou corda para pensarem que conseguirão o que desejam, só para colocar o doce na boca e depois tirar. (Entra em cena Vitor e fica na boca de cena à esquerda.) Ainda não sou o presidente, existe essa pessoa acima de minha posição, que manda em mim, porém minha ambição é ser o presidente e para isso temos que fazer coisas que não gostaríamos, contudo depois de feitas nós esquecemos. Ah sim tenho uma secretária executiva da qual faço gato e sapato, afinal alguém precisa sofrer as conseqüências de alguns erros meus. (Entra em cena Kátia e ela vai ao centro do palco ao lado de Castilho. Eles se olham. Todos se aproximam formam um meio círculo no meio do palco. Luzes todas acesas. Ele volta-se para pegar uma bandeja sobre a mesa com uma garrafa de champanhe e taças para todos. Cada um pega uma taça. Kátia segura duas, uma de Castilho, este abre a garrafa, dá um largo sorriso e enche as taças de todos. Coloca a garrafa na mesa. Kátia lhe dá sua taça. Todos erguem um brinde. E Castilho fala.) – Alguém será tão corajoso de matar esse sistema no qual estamos todos ligados??? (Ele grita) – Um brinde a vida.
Todos – A vida!!! (Todos atiram as taças ao chão as quais se partem em pedaços. Blecaute.)
FIM
Castilho – Kátia, dona Kátia. (Ela entra pela direita com pastas e papéis voando apressada e dirige-se até a mesa.)
Kátia (Um pouco nervosa) – Desculpe seu Castilho...
Castilho – Doutor Castilho...
Kátia – Sim claro, aconteceu alguma coisa?? (Castilho levanta da cadeira e olha bem para ela.)
Castilho – Aconteceu, aconteceu que aqueles relatórios que deveriam ir para a central não foram, e por que não foram dona Kátia???
Kátia (Confusa.) – Não foram?? Mas deveriam ter ido, eu mesmo despachei tudo direito...
Castilho (Nervoso.) – Deve ter despachado sua mãe, seu namorado, seu marido, seu amante, menos os relatórios porque eles não chegaram...
Kátia (Sem jeito.) – Pode deixar seu Castilho... Quero dizer Doutor Castilho vou averiguar o que houve.
Castilho – Então veja o que aconteceu e me reporte imediatamente caso contrário eu vou despachar a senhora para a rua...
Kátia – Pode deixar vou resolver tudo. (Ele senta e fica atrás do monitor. Ela sai para a direita reclamando sem que ele a ouça.) – Um dia... Um dia... Não vou fazer nada preciso desse emprego, maldição... (Foco de luz apaga no centro e acende à direita na boca de cena, Paula, outra secretária lá está, Kátia vai até ela.)
Cena 02 – Fofocas – (Luz sobre elas. Paula nem deixa Kátia falar está excitadíssima para contar algo.)
Paula (Puxa Kátia pelo braço.) – Sabe da grande fofoca???
Kátia (Nega com o olhar.) – Mais fofoca?? Essa empresa é o reino do diz que me diz...
Paula – Tá todo mundo falando que o Doutor Castilho tem um caso...
Kátia – Caso? Que tipo de caso?
Paula – Ora de que tipo, do tipo escondido que ninguém pode saber, um caso pecaminoso, amoroso...
Kátia – E esse homem tem isso, quero dizer ele sabe o que fazer?? Tão grosso, sem educação, cafajeste...
Paula (Dá uma risadinha.) – Mas são desses que a mulherada gosta...
Kátia – As burras né, porque se forem um pouco inteligente passam longe de uma criatura dessas.
Paula – Mas só que ninguém sabe se é com um homem ou com uma mulher...
Kátia – Paula ele do jeito que é deve ter um caso com um boi, ou algum tipo de animal, gente não é, tenho certeza.
Paula – Nossa! Será Kátia? Puxa mas que há algo há... (Ela fica pensando.) – Com animal é, deve ser diferente.
Kátia (Dá um tapa em Paula para ela acordar.) – Escuta os relatórios não chegaram na central e o homem está uma fera. Verifica para mim o que houve que eu volto depois...
Paula – Pode deixar... Ele tá uma fera... Nossa isso deve deixar ele bem aceso...
Kátia – Menina aquieta teu facho e vai fazer o que pedi. (Paula sai de cena toda rebolante. Foco de luz apaga.) (Kátia vai para o fundo do palco à direita fala para ela mesma.) – Essa aí deveria trabalhar em um cabaré. (Foco de luz acende. Gilmar o motoboy está em cena.)
Cena 03 – Motoboy locão – (Gilmar típico motoboy, usa roupa de motoqueiro, capacete no braço, mascando chiclete, usa óculos escuros, luvas e fone de ouvido. Quando Kátia se aproxima, ele está dançando, cantando, jogando os braços para o alto, para os lados, quase acerta a cara de Kátia e ele nem percebe.)
Kátia (Fica doida.) – Que é isso Gilmar quase me acerta. (Ele nem aí continua sua dança ginástica.) (Kátia fica irritada arranca o fone de ouvido dele e dá uma tapas em Gilmar. Ele se assusta.)
Gilmar – Que é isso mina? Ta doidona tá? Não se pode curtir um som maneiro na folga. Pensa o quê? Ficar sentado na motoca não é fácil não haja bunda...
Kátia – E eu quero saber da sua bunda, olha aqui esses documentos é para você entregar lá na Penha. (Ela joga as pastas em cima de Gilmar que as agarra e deixa cair tudo no chão ao mesmo tempo.) (Kátia fica furiosa.)
Kátia – Olha o que faz Gilmar, cata essa bagunça.
Gilmar – Calma Kationa, eu dou um jeito, tá na TPM hoje é... (Ele começa a apanhar as pastas no chão.)
Kátia – Que TPM o quê... Antes fosse, acho que minha TPM tem nome: Castilho...
Gilmar (Com as pastas nas mãos. Olha para ela sem entender.) – Ué eu não sabia que as minas dava nome para TPM, quer dizer que vocês chamam de Antônio, Carlos... Ah já sei deve se os nomes dos machos que vocês tem eles deixa vocês tudo doidona aí a TPM ganha nome, mas o seu nome é meio véio, Castilho, que nome para TPM...
Kátia (Totalmente nervosa.) – Chega Gilmar, chega... Castilho é nosso chefe...
Gilmar – Ah tá... Vixi você tem um caso com o doutor Castilho... Nossa ele sabe que sua TPM tem o nome dele. Irado mina...
Kátia (Dá uns tapas em Gilmar.) – Para de falar tanta bobagem Gilmar. Vai levar isso até a Penha e depois volte não vai ficar enrolando como você faz sempre.
Gilmar – Eu não enrolo apenas dou minhas paradas pra vê como anda as minas da periferia, tem cada uma Kátia e depois vou sair daqui da Paulista para ir até a zona leste se chover tô feito, vou voltar nadando.
Kátia – Vai logo e vê se não se mata para não dar despesa para a empresa.
Gilmar (Estende a mão pedindo dinheiro.) – E cadê a grana?
Kátia – Que Grana?
Gilmar – Ué Kationa preciso de grana pra gasolina vou rodar como?
Kátia – Você bebe gasolina??
Gilmar (Tira do bolso uma garrafa com um líquido amarelo, abre e bebe.) – Como você sabe, gasosa dá um lance...
Kátia – Seu loco passa no caixa e pega o dinheiro...
Gilmar – Logo, logo, vou precisar de uma prótese de bunda... Porque a minha tá ficando grudada na moto... (Ele sai de cena. Foco de luz apaga. Kátia corta o palco ao fundo indo para a esquerda. Olha para trás para bunda de Gilmar que vai saindo e fala.) – Até que a bundinha dele não é de se jogar fora... Componha-se Kátia. ( Foco de luz acende. Em cena Casimiro.)
Cena 04 – O Bêbado – (Casimiro todo desarrumado, calça amarrotada, paletó em desalinho, camisa para fora da calça, descabelado, tombando de bêbado.)
Kátia – Olha seu estado Casimiro. De novo veio trabalhar bêbado...
Casimiro – E eu com isso?? Quero que se dane tudo aqui dentro... Tô de saco cheio de ser o capacho do Castilho, ele roubou meu cargo, era eu para ser seu chefe, não esse traidor...
Kátia – Eu sei disso. Aconteceu há 20 anos atrás, só que agora Casimiro não tem o que fazer, ele é o chefe e você o subordinado dele, precisa tomar jeito se não um dia ele te manda para rua...
Casimiro – Ele não tem coragem. Ele, esse vagabundo sabe que eu sei muitos podres dele, do que ele fez e faz aqui dentro, ele nunca vai me mandar embora, mas também não saio vou ficar até ver ele despencar no chão, nem que eu tenha que vir bêbado todos os dias.
Kátia – Podres que podres???
Casimiro – Seu chefe é o rei da sujeira. Aprontou muito e continua aprontar ele pensa que sou bobo, mas sou mais esperto que esse lobo velho, eu sei tudo (Dá uma risada de descaso.) –Ele tá nas minhas mãos...
Kátia (Não dando muito ouvido.) – Tá bom Casimiro. Vai se lavar e vem trabalhar, ou pelo menos fingir que trabalha.
Casimiro – E quem não finge que trabalha, hein?? Todo mundo finge que dá duro, na verdade somos todos chupins uns dos outros.
Kátia – Chega Casimiro. Vai pro banheiro e volta trabalhando...
Casimiro – Vou pro banheiro sim, mas vou encher mais minha cara. (Ele tira do bolso uma garrafa de pinga. Bebe um gole e sai cantando.) (Foco de luz apaga. Kátia vai até a boca de cena à esquerda. Ela pensa em voz alta.) – Esse será o bêbado eterno da empresa, fracassado porque quer... (Ela chega na boca de cena á esquerda. Em cena Vitor.)
Cena 05 – Ambição – (Vitor está bem vestido alinhado, sempre pronto e prestativo, tem jeito para tudo. Ele espera ansioso por Kátia.)
Vitor – Como você demorou... E então como andam as coisas???
Kátia (Olhando para os lados.) – Acho que tudo bem. Você tem certeza do que quer fazer?
Vitor – Claro Kátia. Eu vou ser o novo chefe dessa empresa, espere e verá não entrei aqui para ser um simples funcionário, quero mais, a ambição que move o homem, e eu sou ambicioso.
Kátia – Só não quero confusão para meu lado Vitor. Afinal tenho uma carreira sólida de secretária e não posso perder meu prestígio.
Vitor – Tudo bem Kátia. Relaxa! Está tudo no ponto. Você fez sua parte eu fiz a minha agora é só esperar. Castilho cometeu vários erros, só vou desmascarar os erros e daí as coisas correrão normalmente, sem que precisemos intervir...
Kátia – Espero que assim seja. Mesmo porque ninguém agüenta Doutor Castilho...
Vitor – Nova posição, salário alto, poder, desejos realizados. Quem não quer isso?? Todo mundo, é que a maioria se faz de certinho, coisa e tal, eu sou o que sou e sei o que quero, quem estiver comigo vai subir quem não vai descer. Essa é a lei da vida!!!
Kátia – Todos camuflam a verdade do que querem nessa empresa.
Vitor – Somos verdadeiras águias esperando para atacar, vence quem atacar primeiro. E eu vou atacar na frente de todos. Eu só espero alguns contatos e logo tudo começará a acontecer, vou puxar o tapete, o carpete, o chão do Doutor Castilho. E tudo será meu... Vai Kátia depois nos falamos.
Kátia – Nossa já parece meu chefe dando ordens. Eu vou e pode deixar que ninguém saberá da onde partiu tais informações. (Os dois se beijam e Vitor sai de cena. Foco de luz apaga. Luzes acendem na boca de cena. Kátia vai saindo pelo lado direito cortando toda boca de cena e com um sorriso cínico fala para a plateia.) - Esse pensa ser esperto, contudo ele esqueceu que eu sou mulher... (Ri com gosto e sai de cena. Blecaute. Acende foco no centro na mesa de Castilho.)
Cena 06 – Monólogo de um chefe – (Castilho se encontra sentado. Escondido entre o material que está sobre a mesa. De repente ele levanta-se e fica em frente de sua mesa olha para o público. Olha para si mesmo e começa a rir.)
Castilho – Sabem do que eu estou rindo??? Dessa minha vida. Desse meu cargo nessa droga de empresa. Eles pensam que eu não sei de nada. Só que eu sei tudo, afinal sou o chefe. Qual chefe é tão burro para que não observe, não ouça, não saiba o que ocorre em seu local de trabalho? Eu tenho uma secretária que se acha sabichona, uma outra que mais parece uma prostituta, um motoboy que não conhece as ruas da cidade, um amigo bêbado que tornou-se um incompetente, e um funcionário ambicioso que acha que vai tomar meu cargo. Como somos todos patetas, marionetes de nós mesmos.
Eu trabalho, faço o meu dever. Certo ou errado, faço. Vivo mais aqui do que com minha família. Mas para eles não falta nada. Tenho amantes afinal para que tanto dinheiro? (Neste momento entra Paula que fica na boca de cena à direita do palco.) Exploro meus funcionários mais humildes fazendo com que eles trabalhem mais do que devem. (Entra em cena Gilmar e fica ao fundo do lado direito.) Faço algumas falcatruas porque se eu não fizer sou cobrado e no mundo dos negócios quem é honesto quebra. (Entra em cena Casimiro e fica ao fundo à esquerda.) Conheço todos aqueles que são ambiciosos e querem tomar meu lugar e dou corda para pensarem que conseguirão o que desejam, só para colocar o doce na boca e depois tirar. (Entra em cena Vitor e fica na boca de cena à esquerda.) Ainda não sou o presidente, existe essa pessoa acima de minha posição, que manda em mim, porém minha ambição é ser o presidente e para isso temos que fazer coisas que não gostaríamos, contudo depois de feitas nós esquecemos. Ah sim tenho uma secretária executiva da qual faço gato e sapato, afinal alguém precisa sofrer as conseqüências de alguns erros meus. (Entra em cena Kátia e ela vai ao centro do palco ao lado de Castilho. Eles se olham. Todos se aproximam formam um meio círculo no meio do palco. Luzes todas acesas. Ele volta-se para pegar uma bandeja sobre a mesa com uma garrafa de champanhe e taças para todos. Cada um pega uma taça. Kátia segura duas, uma de Castilho, este abre a garrafa, dá um largo sorriso e enche as taças de todos. Coloca a garrafa na mesa. Kátia lhe dá sua taça. Todos erguem um brinde. E Castilho fala.) – Alguém será tão corajoso de matar esse sistema no qual estamos todos ligados??? (Ele grita) – Um brinde a vida.
Todos – A vida!!! (Todos atiram as taças ao chão as quais se partem em pedaços. Blecaute.)
FIM
"Vídeo Arte" - Ensaio das danças! "Elas por Elas" Edu tenta ensinar os passos, mas a coisa vai aos trancos e barrancos!!! Isso que dá todo mundo querer ser um dançarino!!! Hahaha, ideia do louco do diretor (eu)!
"Vídeo Arte" - "Glee" - "Papa Don´t Preach" - Papai não faça um Sermão"- Sermão é duro, mas às vezes precisamos de um e fazer um!!! Sermões da vida!!!
2 comentários:
Nossa o ensaio das danças vou puxado.
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