Sérgio Pedro Corrêa de Britto (Rio de Janeiro RJ 1923). Ator, diretor e produtor. Um dos fundadores do Teatro dos Sete nos anos 1950, participa ativamente de importantes realizações cênicas dos anos 1960 e 1970. Nos anos 1980, é um dos sócios do Teatro dos Quatro e, nos 1990, realiza uma série de espetáculos musicados à frente do Teatro Delfim. Forma-se em medicina, em 1948, mas não exerce a profissão. Em 1945, faz sua primeira experiência teatral, interpretando Benvólio na montagem de Romeu e Julieta, de William Shakespeare, no Teatro Universitário - TU, dirigida por Esther Leão. Em 1948, no Teatro do Estudante do Brasil - TEB, faz Horácio na histórica encenação de Hamlet, de William Shakespeare, que consagra Sergio Cardoso no papel-título.
Em 1949, profissionaliza-se, fundando, com Sergio Cardoso, o Teatro dos Doze que, durante sua fugaz existência, tem Ruggero Jacobbi e Hoffmann Harnisch como diretores. Em 1950, vai para uma companhia paulista encabeçada por Madalena Nicoll, onde atua em Electra e os Fantasmas, de Eugene O'Neill, entre outros desempenhos, e realiza sua primeira experiência de direção, montando, em parceria com Carla Civelli, O Homem, A Besta e A Virtude, de Luigi Pirandello. Em 1952, excursiona com o elenco do Teatro Popular de Arte - TPA, atuando em Manequim, de Henrique Pongetti, com direção de Eugênio Kusnet, entre outras.
Em 1953, participa do primeiro elenco profissional do Teatro de Arena atuando em Esta Noite é Nossa, de Stafford Dickens, direção de José Renato; e dirigindo Judas em Sábado de Aleluia, de Martins Pena. Em 1954, ainda no Arena, tem um elogiado desempenho em Uma Mulher e Três Palhaços, de Marcel Achard. Volta, em 1955, à companhia de Sandro Polloni, agora como Teatro Maria Della Costa - TMDC, para uma série de desempenhos decisivos, em cinco espetáculos dirigidos por Gianni Ratto, mestre que influencia sua evolução artística: O Canto da Cotovia, de Jean Anouilh; Com a Pulga Atrás da Orelha, de Georges Feydeau; Mirandolina, de Carlo Goldoni; A Moratória, de Jorge Andrade; e A Ilha dos Papagaios, de Sérgio Tofano.
Em 1956, transfere-se para o Teatro Brasileiro de Comédia - TBC, já na fase de declínio da companhia, em que atua em A Casa de Chá do Luar de Agosto, de John Patrick, com direção de Maurice Vaneau, 1956; no ano seguinte, Rua São Luís, 27 - 8º Andar, de Abílio Pereira de Almeida, encenação de Alberto D'Aversa; e Um Panorama Visto da Ponte, de Arthur Miller, outra direção de D'Aversa, sua última incursão no conjunto.
Em 1959, junta-se a Gianni Ratto, Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Ítalo Rossi, dissidentes da companhia paulista, e fundam o Teatro dos Sete, que vem a ser uma das mais importantes companhias filhotes do TBC. Sob a direção de Ratto, é ator em O Mambembe, de Artur Azevedo e José Piza, 1959; A Profissão da Senhora Warren, de Bernard Shaw, 1960; no mesmo ano, O Cristo Proclamado, de Francisco Pereira da Silva; e Festival de Comédia, 1962, que lhe vale todos os principais prêmios do ano, pela composição de papéis estilisticamente diferenciados em peças curtas de Cervantes, Molière e Martins Pena.
Fora da companhia, ainda sob o comando de Gianni, faz Meu Querido Mentiroso, de Jerome Kilty, 1964, um virtuosístico dueto de câmara com Nathália Timberg, que a mesma dupla retomará 24 anos depois, numa remontagem de 1988; e Santa Joana, de Bernard Shaw, com direção de Flávio Rangel, 1965. No mesmo ano, volta ao Teatro dos Sete para o espetáculo de despedida do conjunto, Mirandolina, de Carlo Goldoni.
Com o fim do Teatro dos Sete, associa-se a Fernando Torres e Fernanda Montenegro para bem-sucedidas montagens como O Homem do Princípio ao Fim, de Millôr Fernandes, e Volta ao Lar, de Harold Pinter, 1968.
Desfeita também essa companhia, funda, no Teatro Senac, a sua própria empresa, a Sergio Britto Produções Artísticas. Ali, através de três espetáculos dirigidos por Amir Haddad, o ator mergulha nas novas tendências de representação e encenação, e dá uma guinada em sua carreira, rumo ao contemporâneo. É premiado pela atuação em Tango, de Slawomir Mrozek, 1972. Co-produz e protagoniza a versão carioca de Missa Leiga, de Chico de Assis, 1973. Destaca-se como um dos intérpretes de A Gaivota, de Anton Tchekhov dirigida por Jorge Lavelli, demonstrando maturidade interpretativa, em 1974. No mesmo ano, parte para outra colaboração com um consagrado diretor franco-argentino: sob a direção de Victor Garcia ensaia a adaptação de Os Autos Sacramentais, de Calderón de la Barca, numa produção de Ruth Escobar, onde, aos 51 anos, aparece pela primeira vez nu em cena; e durante seis meses percorre o mundo, apresentando-se no Irã, em Londres, Lisboa e Veneza, mas não consegue mostrar no Brasil, que vive os anos de censura da ditadura militar.
Em 1975, atua em A Noite dos Campeões, de Jason Miller, encenação de Cecil Thiré. Dirige a atriz Renata Sorrah, em parceria com Walter Scholiers, em Afinal... uma Mulher de Negócios, de Rainer Werner Fassbinder, em 1977. No ano seguinte, associado a Paulo Mamede e Minima Roveda, inaugura o teatro próprio da sua nova companhia, o Teatro dos Quatro, que se transforma numa trincheira de um repertório de alto nível e de produções bem cuidadas. Sergio dirige o espetáculo inaugural do conjunto, Os Veranistas, de Máximo Gorki, 1978; faz o papel-título em Papa Highirte, de Oduvaldo Vianna Filho, tendo como diretor Nelson Xavier, 1979; dirige o polêmico sucesso de Os Órfãos de Jânio, de Millôr Fernandes, 1980; protagoniza Rei Lear, de William Shakespeare, encenação de Celso Nunes, 1983. Em 1985, está em Assim É...(Se Lhe Parece), de Luigi Pirandello, com direção de Paulo Betti; no mesmo ano, atua ao lado de Rubens Corrêa e Ítalo Rossi em Quatro Vezes Beckett, que marca o início da trajetória do diretor Gerald Thomas no Brasil. Trabalha em A Cerimônia do Adeus, texto e direção de Mauro Rasi, 1987, onde faz o papel de Sartre, e, em O Jardim das Cerejeiras, de Anton Tchekhov, 1989, como Gaiev. Fora do Teatro dos Quatro, dividindo o palco com Tônia Carrero, e sob direção de Gerald Thomas, que influencia a fase mais recente do seu trabalho de ator, faz Quartett, de Heiner Müller, 1986.
Paralelamente à carreira teatral, que soma quase 90 espetáculos, Sergio Britto diversifica suas atividades. No início da carreira trabalha em diversas funções no cinema. Na TV, é pioneiro do teleteatro, como um dos fundadores, diretores e principais intérpretes do Grande Teatro, que produz cerca de 450 peças. Participa de novelas, minisséries e especiais. Dirige algumas óperas, inclusive uma polêmica Traviata, 1974. É, também, um dos fundadores da escola de formação CAL - Casa das Artes de Laranjeiras. Em 1989, assume a direção artística do Centro Cultural do Banco do Brasil - CCBB. Na TV Educativa, escreve, dirige e apresenta um programa dedicado ao teatro e à arte de interpretar.
Durante a década de 1990, à frente do Teatro Delfim, realiza, com sucesso, uma série de espetáculos musicais, assinando, em parceria com Clovis Levi, textos em que aborda períodos definidos da história e da música brasileiras, como Ai, Ai, Brasil, montagem em comemoração dos 500 anos do descobrimento, em 2000. No ano anterior, convida a jovem diretora Nehle Franke, conhecida em Salvador pela veemência e pessoalidade de sua linguagem, para dirigi-lo em Poder do Hábito, de Thomas Bernhard.
O crítico Yan Michalski, entusiasta de seu trabalho, assim o define: "Um homem de teatro completo, mas sempre, antes de mais nada, um ator. Ator que na fase inicial da sua carreira teve de lutar muito para convencer o meio do seu talento; que posteriormente, e durante longo tempo, ficou conhecido basicamente como um ator de composição, graças à sua facilidade para esse tipo de trabalho, mas enfrentou a descrença de muitos quanto às possibilidades em outras tarefas interpretativas; que soube afinar pacientemente o seu instrumental, até tornar-se um dos atores brasileiros mais preparados para enfrentar, com elaborada precisão estilística, os mais variados gêneros de atuação. Por outro lado, através de leituras, viagens e incansável contato com documentação em filmes e vídeos, Sergio Britto foi adquirindo uma sofisticada cultura teatral, que norteia há muito o seu seguro e exigente critério de qualidade através do qual ele conduz a sua carreira, e o capacita a abordar cada novo trabalho com aguda compreensão intelectual da sua essência formal e conteudística. E, entre os seus companheiros de geração, ele é um dos que mais generosamente se têm aberto às manifestações inovadoras da criação teatral".
"Vídeo Arte" - Jô Soares entrevista Sérgio Britto parte 01!
Álbum Alma Espírito!!!
"Vídeo Arte" Marina - "Três" - Três o quê??? Três pizzas! Três peças de teatro! Três filmes! Três loucos! Três tudo!!! Três? Não é pouco??? Pedido de Bruno.
2 comentários:
Pelo contrário, três é muito. Três é, na verdade, o ideal. Três e sete são os dois números essenciais e ideais.
Sérgio Britto: sem palavras.
Três: SIM, NÃO E ...ULAI
Hoje estou a fim de "amolar" meus amigos...
Bom fim de semana!
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