quarta-feira, 16 de junho de 2010

ESPÍRITO DA ALMA - A COPA - CENA 02

CENA O2 – (Ricardo continua a olhar para Fátima que está com a cara enfiada na bacia de pipoca. Ele espera que ela reaja.)

Ricardo – Então como aquele homem está sobre a mesa da cozinha? E ainda por cima morto?
Fátima (Tira a cara da bacia e com a boca cheia de pipoca tenta falar.) – Acho que é o Adalberto...
Ricardo – Que Adalberto?
Fátima – Ele joga futebol comigo.
Ricardo – Sei... E o que ele está fazendo mortinho da silva em casa?
Fátima – Não sei. Dei carona para ele depois do futebol e deixei ele na garagem, ele mora no 37, é nosso vizinho.
Ricardo – Seu amante?
Fátima (Ela levanta. Larga a bacia de pipoca no chão.) – Que amante o quê... Você é inseguro Ricardo, não se garante não... Eu vou lá dar uma olhada, vai ver ele tá só tirando uma soneca, e você confundiu com a morte. (Ela vai até a coxia. Dá um tempo de alguns segundos. Grita.) – Ahhhhhhhhh. (Depois ri.) (Em seguida ouve-se uns tapas.) (Ela volta para a sala.) – Acho que você tem razão ele tá paradinho, os olhos não abrem, parece que nem respira. (Ela olha para o público em direção a televisão.) Ai meu Deus que timinho mais dungado é esse? Êta não ouve o povo tá aí... Ai o morto, pera aí Ricardo que vou dar um jeito. (Ela vai para a coxia. Ouve-se barulho de água e depois de água sendo jogada. Fátima volta.) – Nem tomando banho adianta, ele deve tá morto mesmo.
Ricardo – Isso já sei. Mas por que aqui em casa? Essa história tá muito mal contada!
Fátima – Eu só dei uma carona para ele. Sempre faço isso...
Ricardo (Desconfiado.) – Sempre?
Fátima – Lá vem você com suas implicâncias. Ele é um parceiro do futebol...
Ricardo – Parceiro?
Fátima – Modo de falar. Ele ficou na garagem... Coitado ele queria tanto ver a copa. Já sei. Vem aqui comigo Ricardo.
Ricardo – Para onde, fazer o quê?
Fátima – Para de perguntar e vamos lá para a cozinha. (Ela puxa Ricardo para cozinha, segundos depois os dois entram em cena carregando Adalberto. Ricardo carrega a cabeça e Fátima as pernas, eles levam com dificuldade o corpo até o meio do palco.)
Ricardo – Que maluquice. (Ele fala baixo.) – Ele tá morto, não precisa ver o jogo.
Fátima (Fala baixo também.) – Que nada se o espírito dele ainda tá nele, vai ver o jogo sim e depois a gente vê o que faz com ele.
Ricardo – Isso é loucura! Fátima podem achar que nós matamos o cara e não vai ter maneira de nos livrar da cadeia.
Fátima – Depois do jogo a gente discute isso. Ó tá vendo acabou o primeiro tempo e nem curti nada, mas tá zero a zero? Dungou tudo! Vamos largar esse corpo. (Os dois soltam o corpo no chão.)

Ricardo - E agora? Fazemos ele de sofá?
Fátima - Por que estamos falando baixinho?
Ricardo - Por que estamos com mêdo que alguém nos descubra com um cadáver em casa?
Fátima – Deixa de besteira. (Eles voltam a falar com voz normal.) - Coitado. Ele não jogava bem, era um perna de pau, mas apaixonado por futebol. Queria muito que o Brasil fosse campeão nessa copa, aliás, todos nós queríamos, mas pelo jeito o anão atacou. Quem mandou colocar um dos anões da Branca de Neve como técnico, tanto anão querendo crescer por aí e colocam esse...
Ricardo (Nervoso. Quase histérico.) – Fátima acorda para nossa realidade. Temos um cadáver na nossa sala. Podemos ser acusados de assassinato, ir para cadeia, morrer lá, comer comida ruim, vamos ficar sem internet, sem TV de plasma, sem e-mail, o pior é que vamos ter que transar com o mesmo sexo...
Fátima – Para de chororô. Eu tive uma idéia. (Ela sai de cena. Ricardo fica olhando para o corpo. Abaixa passa a mão no peito de Adalberto. Coloca a cabeça para ouvir o coração.)
Ricardo – Vai cara não brinca assim não. Vai revive. (Ele tira a cabeça do peito.) – Quem eu quero enganar. O cara empacotou de vez. (Ele levanta olha para os lados.) – Escuta se teu espírito ainda tá por aí, se ainda tá no corpo, reage cara volta, dá um jeitinho empurra o espírito para dentro dessa carcaça, vamos juro que se você voltar eu te levo em todos os jogos de futebol que quiser e ainda te levo na próxima copa de 2014 com tudo pago. Vai volta. (Ele começa a dançar, pular por cima do corpo, ajoelha, fica de frente para a platéia e dá uns saravas no corpo de Adalberto, reza dá passe, grita palavras truncadas.) – Morreu mesmo. Tratante. Mula. Tinha que morrer no meu apartamento? Pelo menos se tivesse morrido no apartamento do síndico que só rouba, não, o morto ainda escolhe morrer com os paupérrimos... (Fátima volta carregando uma camiseta, um shorts, meião, chuteiras, boné, corneta, bandeirinhas.)
Ricardo (Levanta espantado. ) – Que é isso tudo?
Fátima – Vamos vestir ele com o uniforme da seleção, assim ele pelo menos terá um final feliz.
Ricardo – Você é louca, só pode ser, não acredito nisso, ele tá morto, não vê não ouve, pouco importa para ele a copa agora.
Fátima – Isso que você pensa. Se o espírito dele tiver por aqui vai ver que realizamos seu desejo e vamos lá, vamos tirar essa roupa e colocar o uniforme.
Ricardo – Mas...
Fátima – Mas o quê? É caridade, vamos fazer caridade com o morto, vai antes que comece o segundo tempo. (Os dois começam a trocar as roupas, isso pode ser feito de jeito muito engraçado, o tirar e colocar o uniforme, bem louco mesmo. Aqui o diálogo pode ser improvisado pelos atores. Colocam o boné na cabeça e a corneta na boca. Assim que acabam de colocar a roupa, deixam-no sentado como se estivesse vendo a TV.)
Fátima (Sentada ao lado de Adalberto.) – Prontinho. Agora ele vai se divertir. O segundo tempo vai começar.
Ricardo – Isso é loucura. Além de irmos presos vamos ser internados em um manicômio.
Fátima – Ai Ricardo deixa de ser mole, vive as experiências da vida, curte essa sensação de ver a copa com um cadáver. Quantas pessoas podem fazer isso?
Ricardo – Só duas: eu e você... (Ele senta. Fátima pega a bacia de pipoca.)
Fátima – Vamos ver agora se o jogo desdunga! (Ela come pipoca, Ricardo olha para a cena e não acredita. Fátima olha para Adalberto e ajeita o uniforme.)
Fátima – Será que ele quer pipoca?
Ricardo – Ele quem?
Fátima – Adalberto oras...
Ricardo – Ele tá morto...
Fátima – Ah sei lá e morto não tem vontades??? Vou dar umas pipocas para ele... (Ela tira a corneta da boca dele e começa a enfiar as pipocas na boca de Adalberto. Ricardo se afunda no chão. De repente Adalberto começa a tossir por ter engasgado com a pipoca. Eles se assuntam.)
Ricardo (Levanta.) – O morto tá vivo.
Fátima (Levanta.) – Que um jogo de copa não faz, ressuscitou Adalberto, mesmo com esse time dungado, isso é mais que um milagre é um copagre, aliás, com esse time só milagre! (Adalberto levanta tossindo. Fátima bate nas costas dele. Ricardo o segura. Ele olha para os dois assustado, engasgado perde o fôlego e cai no chão. A campainha toca. Ricardo e Fátima se olham!)
Juntos – Quem será?? (Olham para o corpo de Adalberto estirado no chão.)
Fátima (Olha para a televisão e grita.) – GOLLLLLLLLLLLLLLLLLL... (A campainha insiste.)
(Continua na próxima semana.)



"Vídeo Arte" - A Obsessão - Cena criada pelos atores! Que tipo de amor cultivamos pelo outro? Quem ama mata? Amor pode levar a loucura? A sonoplastia é uma loucura! Cena de loucos!


"Vídeo Arte" - Chocolate Quente - Criação e improvisação do atores. Os segredos da igreja em uma xícara de chocolate quente!!!! Haja chocolate...

Obs: Oi Malka! Sim podemos colocar esse livro nas terças! Quer preparar o texto para nós? Seria ótimo! Se você riu com esses vídeos imagine com esses novos!

5 comentários:

Alexandre disse...

Gostei muito de participar =D

Chocolate quente hahahaha...

Anônimo disse...

Eu quero fazer a Fátima rsss....

Jeferson disse...

Sei,sei ,sei, vc queria é tomar o chocolante quente, né Júnior??

Faby Vilela disse...

Eu adorei o Chocolate Quente...rsrsrsrsrs A Patê quer ver o que o Padre tem debaixo da batina...rsrsrsrsrsrs

Anônimo disse...

Fabi fofoqueira rssss...